Le Pirate et le danseur
Ainda se perguntava como duas pessoas de mundos tão distantes pudessem encontrar um no outro, a segurança de que precisavam para encararem as adversidades que a vida, por ventura, pudesse trazer.
O Pirata, desbravador de mares antigos, viu-se diante da maior de suas aventuras e do pior de seus dilemas: o amor por algo que jamais poderia ser seu.
A Bailarina, por sua vez, mesmo tão acostumada com as luzes do palco, pensava no Pirata como alguém inalcançável e jamais imaginou que ele pudesse ter olhos para ela.
Apesar de tudo, essa inóspita amizade se desenrolou com o passar dos dias, mas a mil léguas submarinas; o que o velho Pirata sabia sobre setes mares de nada valia para a jovem Bailarina que só tinha olhos para onde seus pés pudessem se cruzar e erguê-la com graça, mas essa se viu cada vez mais ávida de saber dos mistérios escondidos naquele homem tão experiente e tão menino.
Viviam em épocas diferentes, com certeza; mas suas semelhanças os aproximavam e este tempo imaginário parecia cada vez mais estreito, até que um dia se rompeu: palavras ditas daquele acostumado a atravessar com espada todos que se opunham, mas viu-se amedrontado pela pequena de pernas ágeis e treinadas.
Olhos brilharam como se avistassem o horizonte pela primeira vez depois de uma noite de tormenta. Corações palpitaram como se estivessem diante de uma grande estréia teatral, olhares se cruzaram em sincronia.
A Realidade, caçadora atroz dos sonhadores, resolveu intervir. Não porque é uma estraga-prazeres, mas por que certas coisas jamais deveriam existir. E o Pirata, que se tornou marinheiro nas mãos da Bailarina, viu tudo aquilo fugir do seu alcance, aquilo que nem todo o seu ouro seria capaz de comprar.
A Bailarina, acostumada com grandes saltos e piruetas firmes, ficou abalada com algo que desconhecia, mas que lhe causava um aperto tão cruel e incomparável, como se jamais fosse voltar a dançar um dia.
Então, o laço se desfez: a linha tênue entre o mar e a terra finalmente foi partida e o Pirata viu-se diante de escolhas mais difíceis do que a de muitos mapas com o qual tinha que lidar. No fim, sua maturidade recém restaurada suprimiu toda a juventude redescoberta e este partiu, sem olhar para trás, para as terras mais distantes, até que seu coração não voltasse a errar as batidas outra vez.
E agora que o Pirata descobriu novos mares navegáveis e deixou a Bailarina renovada para trás, esta procura um porto para se atracar, pena que este parece cada vez mais distante, mesmo com todo o bem que lhe traz.
Ainda era capaz de vê-lo se despedindo e seu navio se perdendo em meio a uma imensidão azul.
Ela então olhava do porto o Pirata. O Pirata que abandonou a Bailarina.
(ps: texto composto por mim e pela Fernandinha, do São Simples Jujubas. Nossas conversas no msn ajudam a diminuir a distãncia cruel que existe entre nós; mas isso só faz reforçar nossa amizade cada vez mais *_* Beijos amiga linda, taí o seu texto.)